27 novembro 2009

Orden(h)ados

"Penedos ganha 46 mil euros mensais na REN" in IOL Diário

José Penedos ganha 46.000 € mensais... Só me ocorre uma palavra: FUUOOOODDDD...

Porquê José Penedos ganha 46.000 € mensais? Quanta gente ele salva? Quantas pessoas ele ajuda? O quê ele inventa? O quê cria? O quê muda? Quem beneficia com seu trabalho? O quê catso, afinal, faz este homem para merecer 46.0
00 € por mês?
Está tudo doido? Se este fulano recebe esta dinheirama toda, porquê, em nome de um deus qualquer, foi-se deixar corromper (segundo as más línguas)? A sua vida não prestava? Vivia no tédio? Queria testar o sistema?
Como pode alguém, que está suspenso de funções numa empresa, manter o salário? Como pode uma empresa sustentar uma situação destas? Se eu for suspenso de funções na minha "empresa pública", posso manter meu salário?
Com esse dinheiro, pagaria o salário de todos os médico e enfermeiros do meu centro de saúde! Pagaria, talvez, o corpo docente de uma escola pública ou, quem sabe, os funcionários de uma sucursal da própria REN!

Se o Penedos ganha 46.000 € (de tanto repetir o valor, já tenho a tecla do 0 gasta), quanto ganharão os outros parasitas gestores de empresas públicas? Quanto ganhará o Fernando Pinto? E o António Mexia? E o Faria de Oliveira? Quanto ganharão estes trabalhadores calejados? Quanto auferirão pelo seu trabalho árduo? E será suficiente? Será justo pela grande (falta) de responsabilidade destes homens? Porquê raios mantemos estas empresas públicas? O quê ganhamos com isso?

Já nem vou falar das reformas...


E eles

26 novembro 2009

Velinhas (Re-post)

Como estou um tanto preguiçoso, hoje sai um re-post.
Fiquem bem.


Por favor, alguém me explique o que é uma vela.
Eu sempre pensei que uma vela era um pedaço de cera, com um pavio por dentro, com o intuito de iluminar e... mais nada.
Agora, o que é uma vela para uma mulher?
A vela para um ser feminino serve para, mais ou menos, tudo. Serve para enfeitar, para dar cheiro, para servir de suporte, para prenda, para receber como prenda, para segurar livros... e, de vez em quando, se faltar a luz, para iluminar.
Diálogo entre mulheres:
- 'tás a ver aquela vela (pedaço de cera verde em forma de árvore de natal)?
- Ai, é tão gira!
- Pois é, só 15 € na loja Tal!
- Oh, que pechincha!!!
Dinheiro gasto em velinhas, que ultrapasse o 1€ por um maço de 1 dúzia, é dinheiro mal gasto!

Aqui algumas regras para a utilização de velas:
1- As velas servirão para queimar, derreter e fazer uma pequena luz. Qualquer outra utilização estará reservada para casos extremamente excepcionais;
2- A utilização para fins românticos tem sido fonte de debate intenso pois, para o homem, tanto faz existir vela ou não: ele sempre estará a pensar na sua própria vela;
3- O único cheiro que a vela deverá ter é: cheiro à vela! Se a casa cheira mal, talvez o cheiro da vela não seja o maior dos seus dilemas;
4- Não deverão ter outra cor para além do branco, a não ser se for para fazer algum feitiço e aí pode-se usar uma vela vermelha ou preta;
5- A única forma que a vela terá de ter é a forma de uma vela. Formas de coração, bonequitos, barcos, bolas gigantes, pirâmides, quadrados, isto, não servem para o objectivo final de uma vela;
6- Uma utilidade alternativa será usa-las em cima de um bolo, mas sempre limitadas a 2 por aniversário(e nada daquela paneleirice de velas que nunca se apagam,sff);
7- O dinheiro dado por uma vela deverá ser quase simbólico e pagar apenas o material usado para fazer a vela, ou seja, a cera e o pavio. A forma, cheiro e a cor deverão ser gratuitos;
8- A única ocasião onde um conjunto de pessoas se poderá juntar com velas será na procissão das velas;
9- O número de velas a ter em casa deverá ser o estritamente necessário, ou seja: uma. Se se acender uma vela com outra vela, significa que existe uma vela a mais no domicílio;
10- Não se deverá elogiar a beleza de uma vela, elas não são giras nem cheiram bem: são simplesmente velas e devem ficar reduzidas a isso;
11- O único lugar onde um homem poderá aceitar ser homenageado com uma vela (branca!) será no seu funeral;
12- Um homem não deverá sorrir perante uma vela que não seja branca e não cheire a uma normal vela; se esboçar um sorriso, por menor que seja, deve-se questionar sobre a sua masculinidade;
13- O orçamento mensal, para a compra de velas, nunca poderá ultrapassar o orçamento diário para a compra de pionés;
14- As únicas velas de que um homem poderá falar são as velas do seu carro;
15- O homem só poderá investir nas velas do seu próprio veleiro;
16- Se um amigo oferecer uma vela, que não respeite as recomendações anteriormente explicadas, deverá tornar-se ex-amigo e o destino da vela ficará ao critério de cada um.

As velas são realmente um flagelo e é um dever, de todo o homem, lutar contra esta exploração. A tropa é voluntária, mas a luta contra a idade da cera não!!!
Esta era da cera colorida tem de acabar!
Chega de cheirinhos a canela! Chega de bocados de cera sob a forma de figuras geométricas não cilíndricas!
Viva a electricidade! Viva a lâmpada económica!

Uni-vos!!!

25 novembro 2009

Pai sofre VII - A frase


Mamã: "Olha, já fizeste a frase?"
Eu: "Que frase?"
Mamã: "Ainda no outro dia te disse. Tens que pensar numa frase para termos descontos nos produtos da Dodot
®."
Eu: "Hum... ok, que tal essa: Quem não compra Dodot é um idiot!"
Mamã:"Tem que levar "bebé" no meio!"
Eu: "Tá bem: Quem não compra Dodot é um idiot e leva com o bebé no meio!"
Mamã: "Desisto..."

24 novembro 2009

Interior


Abriste-me as portas do teu mundo

E mostraste-me do que és feita.
Eu que vagueava, vagabundo,
Fui incapaz de fazer-te uma desfeita.
Penetrei no teu ser, com delicadeza,
Pé-ante-pé, calcando o terreno,
Fui-me embebedando com tua beleza
E deixei de ser alguém pequeno.
Cresci dentro de ti, no teu amor,
Deixei de estar perdido em solidão;
Conheci em pleno o teu esplendor,
E fiquei aí dentro, para sempre,
No teu coração.

23 novembro 2009

Pai sofre VI... wounder bra

Nos tempos de namoro existia uma prenda que, devido à educação machista encapuzada que tive, tinha alguma dificuldade em comprar: lingerie.
Por vezes, entrava nas lojas cabisbaixo e lançava um sussurro à senhora do balcão a perguntar por um conjunto "sutiã + cueca fio dental de cor preta". Parecia aqueles agentes secretos dos desenhos da pantera cor-de-rosa, só faltavam o sobretudo e o chapéu pontiagudo. Igual a isto só um pedido de camisinhas com sabores na farmácia.
Passado algum tempo, comprar lingerie deixou de ser um bicho de sete cabeças e passou a ser, vá, um bicho de cinco ou seis.


Neste último domingo, fui incumbido pela patroa de comprar os víveres cá para o burgo. Ir a um hiper nesta altura do ano é coisa de Hércules. Enfrentar as pessoas no (quase) pico de espírito natalício não é fácil, então num fim-de-semana... algorava um tempo muitíssimo bem passado.
Decidi-me, então, por acordar às 9 horas da matina; pensei que só um idiota acordaria àquela hora de um domingo para fazer compras.
Cheguei ao dito hiper. Não havia realmente ninguém, uma verdadeira calmaria. Comecei a ficar irritado por, afinal, não haver tanta idiotice na minha zona.
Fui pelos corredores afora, envergando uma lista de compras e depo
sitando os mantimentos dentro do carrinho.
Entretanto, sinto o telefone a vibrar. Quem ousaria atrapalhar a minha "diversão" dominical?
Mamã: "Olha, há algo que quero que compres e que não está na lista"
Eu: "Ai sim, o que é?"
Mamã: "Sutiã de amamentação. Traz 2"
Eu: "Importas-te de repetir? Parece que ouvi sutiã no meio da tua conversa"
Mamã: "Sim, 'tás certo: sutiã de amamentação: 2. Até logo"
Desliguei o telélé e fiquei a olhar para o carrinho de compras, a espe
ra que caísse a ficha. Ali no corredor das fraldas (óbvio) aquele pedido até fazia sentido.
Depois de inserir no carrinho tudo o que a lista preconizava, lá fui eu para a secção de lingerie.
Devo confessar que, antes, só encontrava duas funções para a dita peça de vestuário: sustentação mamária e erotismo. Para mim (e acho que para todos os outros XY, sem machismo) a segunda função foi sempre a mais valorizada.
Embrenhei-me no sector da roupa íntima à procura do espécimen requerido. Tinha mais ou menos ideia do que procurava mas, no meio de tantos modelos, a empreitada estava a tornar-se complicada. Os
sutiãs multiplicavam-se em cores, tamanhos e feitios e lembrei-me daquela cena do "American beauty" onde a Mena Suvari é envolvida por uma chuva de pétalas de rosa, mas numa versão com sutiãs vermelhos a "chover" de um céu negro . Sorri com o pensamento, mas lembrei-me de onde estava... podia parecer um taradinho.
Voltei à procura. Comecei a ficar lixado com o facto de parecer que a 2ª função do soutien estas realmente sobrevalorizada, afinal amamentar é muito mais importante... pelo menos nos últimos tempos.
Tive que falar com uma "assistente":
Eu: "Olá, bom dia. Poderia me dizer onde estão os
sutiãs de amamentação?"
Assistente, com cara de"olha-me este, num domingo de manhã
...": "Só temos aqueles alí", apontando para um pequeníssima arrumação num canto soturno do sector.
Achei estranho a segregação dos sutiãs de amamentação, mas aliviado pela facilitação do meu trabalho; agora seria mais fácil, pensei eu.
Cheguei à pequena arrumação. Quando a senhora disse" aqueles" pensei que encontraria vários modelos e cores diferentes... estava enganado. O "aqueles" referia-se à repetição da cor branca em muitos
sutiãs , só os tamanhos eram diferentes. Para além disso, o tal sutiã não tinha sistema nenhum para baixar a escotilha: nenhum velcro, nenhum zipper, nenhum nada. Se um sutiã, para um homem, já é difícil de abrir, um sutiã de amamentação sem um sistema de abertura fácil é o fim da macacada.
Vim-me embora sem sustentáculos.

Cheguei em casa e disse que não tinha encontrado nenhum modelo "satisfatório" e expliquei o que se tinha passado. Responderam-me dois ombros em suspensão, numa tradução de um "já sabia".

Episódio passado, minha senhora foi responder a um pedido de leite que a bebé transmitia da alcofa e preparou-se para dar de mamar. Foi então que a minha ideia de sutiã alterou-se: olhando a face de expectativa da minha filhota para ver o que saia do sutiã da mãe, agora comparo aquela peça a um Kinder surpresa (com muitíssimo mais leite que chocolate).



"Tcharammmm!!!"

Dores

Friend: "Ei, catso, qual é para ti a dor que mais dói: dor de dente ou de ouvidos?"
Eu: "A distância..."

22 novembro 2009

Energia do GOLP

"Galp arrisca perder apoio estatal de 160 milhões" DN

Porquê uma empresa que apresenta milhões em lucros trimestrais, que detém o monopólio do mercado petrolífero nacional, que congratula-se vira e mexe pela descoberta de novos jazigos petrolíferos no Brasil e que não pensa um nanosegundo antes de aumentar em 0.02€ os combustíveis a cada subida do barril de crude, necessita de ajudas do Estado português seja para o que for?

21 novembro 2009

Plano inclinado? Deixai-os ir... a rolar

Sempre achei que um dos males do país eram os "opinadores". Os opinadores são pessoas que vão para a televisão e acham-se. Acham-se capazes e lúcidos o suficiente para opinar e fazer passar as ideias mais estapafúrdias sob o manto da inteligência e intelectualidade. Eles opinam sobre tudo, desde a apanha da azeitona até aos conceitos mais recentes da física quântica.
Para mim, os opinadores mais interessantes, e cómico
s, são os opinadores político-sociais. Existem n programas que dão voz a este tipo de opinadores, desde o do Prof. Marcelo e do António Vitorino, até ao novo programa do grande Mário Crespo (reparem na ironia), denominado "Plano Inclinado".
É incrível como reúnem dois ou três individualidades que depois regurgitam este tipo de porcaria a ver se as pessoas engolem.
Escrevo isto porque, durante a minha actividade física diária do fim-de-semana (leia-se zapping), passei pelo programa do Sr. Mário. Discutia-se o problema do défice da balança comercial portuguesa. A dado momento, o Mário passa a palavra ao velho (literalmente) do Restelo que lhe faz companhia, Medina Carreira. Para o Sr. Medina Carreira, a solução para o défice da balança comercial portuguesa é, i
magine-se, diminuir o poder de compra do Zé povinho, que assim "já não pode comprar mais bacalhau, carne ou laranjas" (SIC). A sua proposta baseia-se em congelar salários e pensões durante pelo menos 3 anos e, quem sabe, a balança lá se equilibrava.
Achei isto de uma inteligência incomensurável, uma genialidade. Como é que alguém ainda não se tinha lembrado? A solução então será: foder o povo! Pensando bem, o Sr. Carreira chegou tarde com a sua ideia, já que sucessivos governos têm fornicado o povo lusitano e não é por isso que o país tem avançado.
"Se tivéssemos coragem para uma acção dessas, imaginem o barulho que seria na opinião pública e sindicatos!". Tem razão o idoso. Quando vão ao bolso das pessoas elas realmente costumam reclamar.

Parece que o Sr. Medina prefere que se congele os salários e pensões do Zé. É melhor do que aumentar e melhorar a investigação fiscal, a punição dos crimes económicos, o incentivo à produtividade e melhoria da qualidade dos nossos produtos, a publicidade além fronteiras, a melhoria da nossa imagem no exterior... nada disso poderia melhorar a nossa balança... mas talvez, quem sabe, congelar os salários do povão é capaz de safar a nobre república.
Ó Sr. Medina, eu concordo consigo em congelar algo. Para si pode ser N líquido.

20 novembro 2009

O flato

Pensamento do dia (depois de um almoço divinal):

"Os feijões não deixam ninguém incógnito!"

19 novembro 2009

Eu não sei jogar bridge!

Ninguém deveria estar longe de quem ama, tal como eu não deveria estar longe das minhas meninas...

Sentado no meu quarto escuro e frio, perdido em pensamentos amorfos, ouço alguém a bater à porta. É a saudade a convidar-me para um jogo de cartas com ela e a sua parceira, a solidão. Eu não gosto da saudade e odeio a solidão. Elas não prestam, não são boa companhia e fazem batota.
Para além do mais sei que, dentro em pouco, juntar-se-ia a nós a tristeza, essa outra put...
Não fui polido, nem educado, e retorqui:
"Deixem-me em paz! Eu não sei jogar bridge!"


17 novembro 2009

Re-post

No ano passado, num dia de azedume extremo, publiquei aqui uma tentativa de poema intitulado "Azedume". Estava numa fase de azedo intenso e escrever aquilo melhorou o meu astral.
Hoje resolvi publica-lo novamente, não porque esteja numa fase tão azeda, mas porque nos vários blogs que acompanho é esse o sentimento dominante.
Chego à conclusão que Portugal está azedo. Quem tem dois dedos de testa e alguma vergonha na cara, começa a estar farto da situação... e da oposição.
Não se vê esperança na cara da maioria das pessoas, vê-se conformismo, chega-se mesmo a ouvi-lo no "que é que se há de fazer" e no "é a vida".
No entanto, começa a fervilhar uma pequenina revolta, quase "underground". Ainda está pelos 80ºC, mas não tarda nada entra em ebulição. E os blogs de determinados autores (muitos vocês podem encontrar aqui na sidebar) expressam e fomentam essa nano-revolta.
Como não quero ficar de fora, lembrei-me do escrito no ano passado e volto a publicar (com algum update ):

Azedume

Vamos crias pontes e mais pontes,
Vamos fazer travessias marítimas alcatroadas;
Destruir escarpas, falésias e montes
Para, no lugar, pintar belas estradas.
Vamos construir quilómetros de carris
No lugar dos que já existem,
Para deixar Madrid mais feliz
Enquanto os pobres portugueses assistem.
Vamos destruir refúgios ecológicos
Para que outras aves possam voar.
Vamos fazer choques tecnológicos
Num país que mal sabe falar.
Vamos agredir-nos uns aos outros
Por algo fútil e banal.
Vamos conduzir como loucos
Para morrer a caminho do hospital.
Vamos fazer propaganda
De tudo o que não se fez.
Vamos acenar da varanda.
Vamos enganar outra vez.
Vamos contornar as normas e leis
A que os outros estão obrigados.
Vamos enriquecer e vocês
Ficam a contar os trocados.
Vamos sorrir à gente inculta
Que nos deu, novamente, o poder,
Vamos esquecer a "face oculta",
Vamos mandá-los fo"#%
Vamos fazer isso tudo
Porque a nós tudo é permitido
Basta termos algum estudo
E um padrinho num grande partido.
No fim seremos idolatrados
E carregados em ombros,
Por deixar um incrível legado:
Um país e seus escombros.

16 novembro 2009

Sonhos

Amigo:"Então, qual é a tua definição de viagem de sonho?"
Catsone: "hum... 8 horas, ininterruptas, de sono..." bocejo

15 novembro 2009

Preto e Branco


Preto chegou cansado à casa. Depois de um dia de trabalho nas obras só lhe apetecia descansar e comer o que a vontade de cozinhar deixasse. Acabou no sofá com uma mini e uma sandes de atum com ovo.
Ligou a televisão para ver o que as notícias contavam de novo. Violência, corrupção, desastres naturais, doenças, Benfica. Tudo na mesma.
Foi tomar banho.

Branco chegou à sua casa. Estava estafado depois de um dia cumprido e comprido no tribunal. Achava psicologicamente estafante a função de decidir, com base na lei e no bom senso, se alguém devia passar parte da sua vida na cadeia.
Estava faminto e foi ver o que a sua mulher-a-dias lhe deixara no forno. Sentou-se à mesa e bebeu um gole do vinho tinto alentejano que entretanto abrira.

Ambos os homens pensavam na vida.
Preto pensava nas dificuldades do dia-a-dia, na labuta dura da construção civil, nas mulheres que nunca amou e nos filhos que nunca teve. Pensava no isolamento e na pobreza. Olhava à sua volta à procura de uma solução que não passasse por mais trabalho e sofrimento. Resignou-se e enxaguou o cabelo ralo. Lavava o corpo e a alma.

Branco deglutia sofregamente uma comida fria que empurrava com mais um “trago” da mistura de Aragonês com Syrah. No processo, pensava nas decisões tomadas ao longo do dia e espantava-se por, no fim desses anos todos, ainda preocupar-se com isso. Pensava no eco que fazia naquela casa, na mulher que o esqueceu e nos fi
lhos que perdera por causa da sua obsessão pelo trabalho. Estava velho, só, perdido numa casa quase tão grande quanto a sua solidão.

Branco e preto não se conheciam, mas padeciam das mesmas doenças.

Preto voltou à sala. Sentou-se no sofá a ver um programa qualquer da TV pública. Deixou o corpo escorregar até a cabeça descansar no sofá milenar que tinha na sala. Estava cansado… há muito tempo.

Branco não se sentia bem. A refeição soube-lhe mal e sentia o estômago às voltas. Não sabia se os pensamentos tinham estragado a comida. Foi a
té a grande sala de estar e, do bar, trouxe um menino escocês de 18 anos. Juntou-lhe um amigo cubano, que ainda cheirava à coxas latinas, e ficou a mirar a lareira acesa. Mexia o gelo com o dedo enquanto tragava o tabaco. Ficou assim até adormecer, deixando cair tanto o whisky como o charuto.


Era segunda-feira de manhã e o médico legista chegava ao trabalho. As segundas eram desgracentas, já que os cadáveres “amontoavam-se” no fim-de-semana.
No entanto, aquele início de semana estava fraco em clientes e apenas dois falecidos jaziam a espera do tanatologista.

O médico legista observou as fichas dos defuntos, pegou no gravador de voz começou a descrever o indivíduo à sua frente:
“Nome: José Carlos Meireles Fonseca Preto. Idade: 52. Altura: 162 cm. Raça: Caucasiana. Nacionalidade: Condeixa-a-Nova, Portugal…”
Em seguida, ditou ao aparelho os dados do segundo corpo:
“Nome: Augusto César Sousa Branco, ou melhor, Dr. Juíz Augusto Branco. Idade:45. Altura: 178 cm. Raça: Negra. Nacionalidade: Maputo, Moçambique…”

O médico sorriu com a estranha coincidência, ligou o rádio, estalou os dedos, pegou no bisturi e confessou os segredos interiores dos dois estranhos...

Luís Fernandes Lisboa ®
Para a Fábrica de Letras





14 novembro 2009

Diabretes

No seguimento do post anterior:

"Dia Mundial da Diabetes assinalado com seminários, encontros e mensagens em campos de futebol" Lusa



13 novembro 2009

Doces do céu... e arredores.

Clicar na foto

"Pode ser que me encontrem por Alcobaça este fim-de-semana" - Catsone, o doçólatra.

Egos

"Na entrevista que Nani dá hoje ao Jornal "I" afirma " não estar muito contente" com o facto de ser suplente na Selecção Nacional e sublinha que" "não sei porque não jogo".

"Toda a gente me faz festinhas na cabeça mas depois fico no banco", diz o extremo do Manchester United, que afirma que " eu devo ser titular, sem dúvida". " RTP



Quem é realmente bom no que faz não tenta ganhar o reconhecimento no "grito"!
Um espelho, em ponto grande, para o Nani.

11 novembro 2009

Soneto à Árvore de Louros

Minha Árvore de Louros, tu sorriste,
Cravejaste uma gota salgada na minha face,
E a minha fortaleza partiste,
Por mais que disfarçar eu tentasse.

Fazes tão pouco para me ter em tuas mãos.
Um palreio, um espirro, algo diferente
E aceleras meu ansioso coração,
Pobre músculo cardíaco condescendente.

Deixas-me de rastos com teus trejeitos,
E um sorriso teu é o acto perfeito
Para tornar maior este estranho amor.

Menina, não faças pouco de mim!
Eu sou só um pobre sonhador
Que nunca sonhou com uma paixão assim.



Inspirado por:

10 novembro 2009

Pai sofre V ... Silly cone

Este post é inspirado num pedido da minha mais-que-tudo. Pediu-me ela "bicos/mamilos de silicone". Tenho que confessar que fiquei excitado por nanosegundos, passando de imediato à uma enorme indagação. A sério? Bicos de silicone? Isso existe?
Existe. Servem para controlar o fluxo de leite evitando que o bebé se engasgue e... olhem, vão mas é pesquisar!
Depois de tudo bem explicado, parti para a farmácia mais próxima.
Este estranho pedido pôs-me a pensar nas maravilhas que se podem fazer com o silicone. É um material com mil e uma utilidades. Ele é implantes mamários, material de construção, moldes, equipamento desportivo, vestuário, equipamento aeronáutico, automobilístico, etc, etc. O que porra não se pode fazer com silicone? Eu sei, muita coisa, mas é imensa a versatilidade deste borrachudo material.
Não obstante, isto de substituir o doce e macio mamilo humano por um pedaço de silicone não está com nada. Para mim é um crime. Até podem dizer que maior crime é substituir uma mama inteira por um implante, o que concordo, mas ludibriar o recém-nascido? Priva-lo do toque directo com a torneira láctea é coisinha que não se faz, ou pelo menos não se deveria fazer.
Cheguei à farmácia e fiz o pedido. A farmacêutica indagou-me sobre o quê exactamente eu queria, se discos ou mamilos de silicone. Juntei "discos" à minha lista de coisas que podem ser feitas de silicone e esclareci que queria os mamilos "faxavore". A senhora lá me mostrou vários tipos e modelos (e preços), o que me fez lembrar um pouco o post das fraldas. Decidi-me por um BBB (bom, bonito e barato) e voltei à casa de partida.
Confesso que, ao ver o adereço no seu devido local, até achei interessante. Deu-me uma ideia de como funciona a fábrica de lacticínios aqui de casa. Claro que a bebé continuou a engasgar-se na mesma, mas agora com mais estilo.
É incrível as utilidades que damos ao silicone e fiquei de voltar à farmácia quando inventarem uma coisinha dessas para aparar a baba.

PS: Este post lembrou-me uma série de comerciais famosos nas décadas de 80/90 no Brasil. São sobre uma palha-de-aço de nome "Bombril" e tinham o slogan "1001 utilidades". Fica aqui uma pequena amostra para quem não conhece:


07 novembro 2009

PME's ou "Mãos ao ar! Isto é um assalto!"

Primeiro de tudo, este post não se baseia nos "Gato Fedorento". Não tenho a intenção de plagiar nada, até porque, se fosse assim, os próprio Gato já teriam plagiado os políticos lusitanos, que concorreram nas últimas eleições legislativas e autárquicas, relativamente a uma das suas principais promessas: ajudas às PME's.

Alguns amigos meus juntaram-se para abrir uma pequena e
média empresa. Como pequenos e médios empresários que eram, arrancaram com um pequeníssimo orçamento (aqui não há médio). No princípio, ainda recorreram as instâncias governamentais para conhecerem as hipóteses de serem abrangidos por um micro subsídio ou ajuda governamental. Surpresa: não tiveram direito a nada.
Mantiveram a grande motivação e coragem em abrir o seu pequeno e médio negócio.
Alugaram o pequeno e médio espaço e foram esticando o pequeníssimo orçamento.
Mas a grande aventura desta história começa agora.
Para publicitarem a sua pequena e média empresa resolveram
contratar uma outra pequena e média empresa para que se criasse a publicidade a afixar nos vidros do pequeno é médio espaço do pequeno e médio negócio. Mas engane-se aquele que pensa que este simples acto é mesmo um acto simples. Para publicitar o pequeno e médio negócio nos vidros do seu próprio pequeno e médio espaço tiveram que ir à câmara municipal pedir uma licença para o efeito. Na CM entregaram uma GG (grande e gigantesca) lista de itens a preencher: projecto da publicidade, dimensões do espaço, fotos do espaço antes do projecto, fotos depois, etc, etc, tudo em duplicado. E isto há cerca de 3 meses atrás.
No entanto, continuaram na enorme e hercúlea tarefa de criar uma pequena e média empresa. As contas se amontoaram e o pequeníssimo orçamento em sentido contrário.Água, luz, telefone, net, televisão, computadores, móveis, bombeiros, delegado de saúd
e, licenças para funcionamento, material para trabalho e o pequeníssimo orçamento, que era macho, não se reproduziu.
Finalmente chegou a carta da CM dando resposta ao pedido de licenciamento da dita publicidade no vidro: " blá,blá,blá, pedido de licença deferido, yada, yada, yada, licença precária por um ano, blá, blá,blá, pagamento de (cerca de) 1200€...".
1200€!!!(mil e duzentos euros!!!) (one thousand and two hundred euros) (тысяча двести мл)(हजार और बीस करोड़) (萬和2.0億)
1200€ por uma licença que custa muitíssimo mais que a própria "ob
ra"! Isto é extorsão, é saque, é ROUBO! É a maior acção de parasitismo que já vi.
Digam-me o que é que esses filhos da puta (e vão desculpar-me o termo, já que as mães não devem, em princípio, ter culpa) estiveram a falar durante toda a porcaria da campanha? Encornaram nas PME's e foi vê-los cuspir promessas de ajudas aos corajosos que ainda se arriscam no próprio negócio.
"Vamos ajudar as PME's", "...linhas de crédito às PME's", "nós queremos que as PME's floresçam", "daremos facilidades às PME's para que criem empregos"...
Os meus amigos, que já estavam com as contas ligadas às máqu
inas, levaram o último golpe de quem supostamente devia zelar por aqueles que podem criar empregos. Agora estão seriamente a pensar em desistir de todo o projecto já que a palavra "infinito" não se relaciona com "orçamento" e porque as PME's também não têm vantagens ou ajudas nos bancos.
Depois de ouvir isto lembrei de uma ideia para uma PME: desinfestação da praga de sanguessugas políticas (já registei a patente, invejosos!).



04 novembro 2009

Pai sofre IV... nem tanto

Quando um casal tem um bebé, muitas das prendas que as pessoas oferecem são roupitas para o infante. Daí que o pai não sofra tanto assim para comprar a vestimenta da cria. No entanto, e ao ver um site de t-shirts, deparei-me com estas preciosidades. Ainda não mandei vir nenhuma, apenas porque não consigo escolher em qual hei de investir... parecem-me todas tão adequadinhas.








Esta última é a única que está fora de questão (parece que a mamã não achou muita piada).

03 novembro 2009

Constatação


O túnel do Grilo é a uretra de Lisboa.

02 novembro 2009

Os "Speed Gonzalez"

Existe uma infame espécie de indivíduos que me revoltam: os Speed Gonzalez tugas.

Estava eu no IC2 prestes a cortar para a terriola dos meus pais. Parei no eixo da via com o pisca ligado para a esquerda à espera de um ponto vermelho que vi a aproximar-se em grande velocidade. Em microsegundos o tal ponto transformou-se num carro vermelho que derrapava na minha direcção.
Na minha mente aquela cena pareceu durar uma eternidade. Comigo estavam os meus bens mais preciosos e se aquele outro viesse de encontro a nós ninguém resistiria ao embate. Seríamos estatística, mais uma notícia de um fatídico acidente de viação.
Felizmente o imbecil controlou a trajectória e o seu carro passou de rasante por nós. Seguia perto dos 160-180 Km/h e fez com que a minha viatura ficasse a baloiçar.
À passagem dessa besta pelo nosso carro ouço o grito assustado da minha mais-que-tudo e ela ouve, da minha parte, um belo exemplar do genuíno e puro calão português.

Porquê? A minha pergunta é essa. Porquê esse tipo de palerma faz de uma estrada obsoleta, degradada e tortuosa, a sua pista de corridas? Que gozo lhe dá pôr a vida de outras pessoas em risco por uns segundos de "adrenalina"? Quer se matar? Por mim tudo bem, até posso ajudar, não faz cá falta e não choro uma lágrima sequer; agora pôr a vida da minha família em perigo enquanto experimenta a bosta do honda civic tuninzado na via pública, isso é que não!!!

Mas, há coisas do caraças, e em terra pequena tudo se sabe. Perguntado sobre se conhecia alguém que correspondesse à descrição do carro, meu irmão responde que conhecia perfeitamente e confirma que o infeliz é mesmo um idiota.
Não sou vingativo, muito menos rancoroso, mas que o fulano vai ouvir das boas, a isso vai!

Lack of...


do excelente site: The Perry Bible Fellowship