28 maio 2010

Town of sadness

Em dias como este nada faz sentido. Quando a vida se esvai, quando desaparece, pergunta-se "porquê?".
Nestes dias de sol envergonhado e vento frio, que esconde o calor de primavera, pensa-se sobre a efemeridade da vida.
Escrevi este post sobre a nossa incapacidade e pequenez perante situações irreversíveis. A irreversibilidade confirmou-se hoje, através de um daqueles telefonemas que ninguém quer ouvir.
E é como que se o tempo parasse e nos trouxesse à mente memórias há muito escondidas, imagens já amareladas do passar dos anos; imagens em Super 8, mudas mas alegres, de tempos longínquos e que não voltam mais. Lembro-me dos tempos de criança, das visitas e viagens à terra dos meus pais, das noites na tua casa, do carinho do teu abraço de amizade sincera.
A verdade é que ficam memórias boas, vivências, bons momentos, coisas que nem a morte nos pode roubar.
Graças aquilo em que acredito, penso que estás agora num lugar melhor, onde a dor e sofrimento dos últimos tempos não não mais te assolam e onde terás algum merecido conforto e descanso. Talvez esta crença traga a mim, inconscientemente, algum consolação... quem sabe.
Resta-me a certeza de que, apesar de hoje ser o teu velório, sei perfeitamente que daqui para frente serás tu a velar por todos nós.
A ti, querida tia, que muito raramente vi triste, descansa em paz e até um dia destes.




27 maio 2010

Pai sofre XI - O "assédio"

Ontem fomos dar uma volta à nova superfície comercial cá do burgo. Precisava de umas coisitas e aproveitei para espairecer.
Embarcámos os três no popó e lá fomos nós.
Enquanto a patroa foi à loja do Belmiro fui eu, com a minha pequena, dar uma volta pelos corredores do centro comercial..
Tudo ia bem até ter reparado num (deveras) interessante e misterioso fenómeno. Comecei a aperceber-me que muchachas várias achavam engraçado (e fofinho!) o facto de um gajo passear um bebé. Olham primeiro a cria, sorriem e depois fitam as fuças do empurrador de carrinho. Parecem avaliar o potencial do macho.
Conjecturei sobre o que iria na cabeça das moças: “… aquele até é fértil, quem diria…”, “…hum, não parece com o pai…”, “…deve ser adoptada…”, etc, etc.
Confesso que achei piada, afinal não é comum ser observado dessa forma tão, digamos, lasciva. Mas, passado algum tempo, começou a ser incomodativo. Senti um pouco do que os famosos sentem. Montes de olhos em cima de nós… não estou acostumado (e quem me conhece percebe porque).
Tentei disfarçar o embaraço e olhar para algumas montras mas a miúda estava tão bem disposta que passou o tempo todo a palrear e dar gritinhos... o que atraiu, ainda mais, a atenção. Parecia um chamamento para o sexo oposto: e mais sorrisos, “cuti-cutis” e olhares constrangedores.
De interessante, o fenómeno passou a ser caliginoso e antes que alguma desse o bote, acelerei o passo em busca do conforto que existe por baixo da asa da patroa; com a velocidade do carrinho, a filhota ria-se…
Encontrei a minha “chefa” na fila da caixa:
“- Tás branco…”


Ainda a arfar, pensei que poderia alugar a miúda aos meus amigos solteiros... pode ser que ainda ganhe algum cacau com este estranha manifestação.

15 maio 2010

Dinos


Parece que escapou um dos dinossauros do espectáculo: WALKING WITH DINOSAURS THE LIVE EXPERIENCE
Chama-se Máriosoaurio e foi visto a dar bitaites e autógrafos na feira do livro de Lisboa.
Um verdadeiro broncossauro...

07 maio 2010

Vontades

Apesar de estar em retiro (pouco) espiritual, não podia deixar de participar no desafio da "Fábrica de Letras. Posto um poema já velhinho aqui por casa... sem muito tempo para pensar em coisas novas (embora, muitas vezes, apeteça :( )
Aos colegas operários peço desculpas por não visitá-los com mais frequência mas, por aqui, "la cosa esta peluda"...

Em resposta ao desafio "paixão" da Fábrica:



Vontades


Hoje senti vontade de te ter ao pé de mim.

Instalou-se sem que desse conta
Um desejo de abraçar-te,
Olhar-te nos olhos
E falar-te da falta que me fazes

Hoje senti vontade de dizer-te: amo-te.
Um desejo incoerente e forte
De falar da minha paixão
E explica-la como um menino explica

À mãe o seu dia na escola.

Hoje senti vontade de ser feliz…

E compreendi porque me lembrei de ti…



Luís Fernandes Lisboa ®

02 maio 2010