30 julho 2010

Feio é morrer


Este senhor da foto era forte e era o Feio. O Tóni, o António ou o Zé da Trincha. O Tóni foi um exemplo de força nestes últimos tempos; de força numa luta desigual. Acabou por perder a batalha mas fez frente à malvada e vendeu cara a derrota.
Tive a sorte de o ver, a ele e ao seu grande amigo JPG, no teatro José Lúcio. Nessa altura já se sabia da doença e mesmo assim o espectáculo aconteceu, num exemplo de profissionalismo e dedicação ao seu público.


No ano passado, enquanto estava de férias, morreu Solnado. Este ano, enquanto estou de férias, morreu o Feio.
Nunca mais tiro férias ou corro o risco de perder as poucas pessoas que me fazem rir.

Até sempre, Tóni!

Dieta mental

Uma amiga enviou-me o texto seguinte e eu não quis deixar passar sem o publicar neste obscuro estaminé.
Também eu apoio uma dieta mental... e estou a praticá-la:

"A Obesidade Mental - Andrew Oitke

Por João César das Neves - 26 de Fev 2010

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que
revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito
em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade
moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e
conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos
que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de
carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e
comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e
realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e
romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se
comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta
mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e
telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance,
violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma
vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações
humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi
Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que
é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam
porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um
cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura
banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»

22 julho 2010

Pai sofre XII - Babyfather



"Your daddy love come with a lifetime garantee"

Tão verdade.

21 julho 2010

Abanca

"Crédito malparado sobe, depósitos descem" in Expresso

Coitaditos dos bancos: emprestam o dinheiro e depois não lhes pagam, ninguém mais investe em poupanças e produtos bancários...
Estão mesmo em crise, probezitos! Quase falidos, mas... hum...

"Lucro do BPI aumenta 11,8% para 99,5 ME no primeiro semestre" in Lusa


Ei, esperaí!!!

20 julho 2010

Descoberta


Em resposta ao desafio "Disparou" da Fábrica de letras:

A descoberta

Pedro entrou na casa-de-banho e trancou a porta à chave.

Tinha ouvido zuns-zuns na escola. Os colegas de turma falavam entre-dentes de coisas que faziam a eles próprios. Era algo que tinham aprendido há pouco tempo e comentavam em meio à galhofada.
Pedro ainda não pertencia ao grupo. Procurou perceber o procedimento. Perguntou como quem não quer a coisa a colegas de classe, em meio a aulas mais chatas, mas todos viravam o rosto e sorriam. Pareciam tontinhos e não transmitiam a informação que queria.
Demorou cerca de 2 semanas até encontrar um colega que abrisse o jogo. Era um daqueles indivíduos menos populares, que não tinha nada a perder, e, por isso, não tinha pudor em dizer o que se passava.
Pedro tomou atenção a tudo. Achou estranho e sentiu-se incomodado com o protocolo mas decidiu ouvir até ao fim.
Foi para casa a pensar naquilo.

E lá estava ele a olhar-se no espelho: cara de pateta + angústia.
O coração a mil por hora associado a um estômago embrulhado.
Despiu-se e olhou para baixo. Viu o penduricalho ali à mão de semear e começou a executar as instruções:
"Bem, ele disse que fazendo assim...", teve uma espécie de vergonha de apanhar o pequeno amigo que há 13 anos andava ali escondido nas cuecas, "agora puxo esta pele para trás e... elá, o qué isso?!" teve a sua primeira erecção.
Continuou a manusear, fechou os olhos e pensou em "coisas" indefinidas.
Passados 39 segundos disparou...
Um êxtase nunca antes sentido invadiu-lhe o corpo. Quase caiu de costas. Tremeu dos pés ao mais alto dos cabelos arrepiados que enfeitavam o cucuruto.
Olhou-se novamente no espelho. Viu olhos castanhos esbugalhados encrustados numa face imbecilóide, misto de espanto e de algo estranho e que os outros chamavam "prazer"; depois sentiu vergonha de si próprio, num sentimento de pecado e arrependimento... que durou 2 minutos até voltar à nova investida.

10 anos depois:
Pum-Pum-Pum na porta da casa-de-banho:
"Mas qué que se passa aí?"
"Nada, mãe! Já estou a sair!"
Nunca mais parou...

Luís Fernandes Lisboa ®

12 julho 2010

Pearl Jam

Tenho que falar do concerto de Sábado, dar a minha versão das 2 horas de viagem, mas não tenho tido tempo. Deixo este vídeo como "Teaser"(não é à toa que o Eddie diz q nós somos os que melhor o acompanham nas músicas):

08 julho 2010

Hibernação II

Há cerca de 4 anos e meio publiquei neste blog um texto que tentava reproduzir a epopeia que representou o fim do meu curso.
Hoje reedito-o e publico-o novamente.
Faço-o porquê nestes últimos 3 meses senti-me como naquela altura e porquê este período foi deveras difícil, tão difícil que deixei de fazer muitas coisas de que gosto: escrever, ver (e jogar) futebol, estar com a família e, principalmente, brincar com a minha filhota (e com a mãe dela...).
Mas valeu a pena. Aliás, quanto maior é o esforço, quanto mais suor, adrenalina, calão metralhado e sujo, ideação suicida, quanto maior é o sofrimento maior e mais saborosa é a vitória. E, ainda bem que não sou diabético, porquê foi bem doce!


Hibernação

"Um dia acordas e percebes que estás noutra dimensão.
Estás num lugar sem paredes, sem tecto, sem chão. Lugar escuro, isolado e frio. À tua volta apenas o breu quebrado por uma ténue luz amarela de um candeeiro antigo.
Estás sentado à uma velha secretária e cercado por volumes vários de livros empoeirados e montes de papéis. À tua frente apenas uma folha preenchida por gatafunhos à qual a tua visão está fixa.

Não sabes se é Domingo ou Quinta-feira, se são 6 da tarde ou 2 da manhã. Não sabes o mês e não conheces o ano.
Não sabes como ali chegaste nem o que fazer, apenas sabes que tens um objectivo, algo a alcançar.

A música calou há muito e também os sons do quotidiano. Apenas ecoam palavras e frases, repetidas um sem número vezes; e mais uma vez, e outra...; pelo meio, esconjuras.
O que ouves, muito de vez em quando, são vozes que te chamam; vozes tentadoras para levar-te, mas, mesmo contra vontade, permaneces.

Teus músculos não obedecem.
Não tens fome, não tens sede.
Teu sono é ostracizado.
Durante horas a fio, ficas ali, autómato, quase inanimado.

E estás cansado, muito cansado, cada vez mais... mas continuas.
És objecto de algo maior, que te domina e manieta. Não consegues, ou não podes, ou não queres, fazer nada contra isso.

Não dizes nada que faça sentido. Como crente, rezas uma oração imperceptível ao comum dos humanos. Por vezes, no entanto, reconhecem-te preces a pedir o fim do sofrimento.

Por vezes choras desalmadamente, por vezes ris feito louco, por vezes os dois em simultâneo.
Por vezes sonhas acordado.

Os que estão à tua volta, não se podem aproximar mas chamam por ti, oram por ti, e impulsionam-te. Sentes-te mais forte. Inicias o processo que te levará à liberdade. Sabes que, finalmente, essa clausura sem sentido, essa condenação sem crime, está perto do fim.
Tudo o que antes não tinha sentido agora está tão claro! Como não viste isto antes? A tarefa era grande, penosa, mas aquilo que te desafiou agora não te é capaz de manter mais tempo enclausurado.
Acaba. Tem de acabar! O teu grito do Ipiranga, a tua tomada da Bastilha, a tua força vem ao de cima e partem-se as amarras.
Uma última prova prestada a este cenário e será o fim...

Acabou.
Tudo, esse lugar, fez para te deitar abaixo. Conjurou, conspirou, fez alianças contra ti, mas conseguiste.
O limbo perdeu."

Libertaste-te."

De Catsone, ex-interno, agora, ORGULHOSAMENTE, especialista de Medicina Geral e Familiar.