26 dezembro 2012

Concessionar



Baseando-se no Desgoverno de Portugal,
Também concessionou o seu serviço, o Pai Natal.

Entregou a empreitada à um empresa privada,
Mas como era de se esperar, tal como por cá,
Tudo acabou numa tremenda trapalhada.

Para poupar no orçamento,
E como qualquer bom patrão
Também era, o Pai Natal, muito casmurro:
Lá trocou as tradicionais renas
Por um estranho grupo de burros!

Tal como as renas, todos o burros tinham nomes:
O primeiro, de nariz vermelho, chamava-se Coelho;
Do seu lado, fazendo par, estava o sonolento Gaspar;
Na segunda fila, mas não se importa, vinha o de nome “Portas”;
O quarto (o preferido de Noel), era o querido, brilhante e genial Miguel;
O quinto animal era o Aníbal;
A completar a 3ª fila, sempre com cara de azedo, vinha o burro do Macedo;
O sétimo burro, já bem velho mas pouco otário, era o burro Mário;
E ao seu lado, a sonhar ser o primeiro no futuro, vinha o burro José Seguro.

Escusado será dizer que não houve Natal:
O Coelho não soube guiar o grupo;
O Gaspar cortou-lhe nas prendas a entregar;
O Portas fez birrinha;
O Relvas quis fazer de Pai Natal;
O Aníbal engasgou-se com um pedaço de bolo rei;
O Macedo adoeceu;
O Mário finalmente falou com São Pedro;
O Seguro correu para o lado oposto.

No próximo ano o Pai Natal trocará essa cambada de burros por huskys siberianos…

Mesmo atrasados, meus desejos de boas festas a todos os camaradas que por aqui passam.

 

17 dezembro 2012

Charada

Então, vamos lá ver se advinham esta:

Um determinado banco de um determinado país de África Ocidental que fala português e é um rico produtor de diamantes de sangue, generais da treta e corrupção, compra um banco português nacionalizado, também ele exemplo da arte corruptiva, por uma bagatela/pechincha num verdadeiro negócio da china (mas sem chineses envolvido [?]) para aquele primeiro banco e extraordinariamente lesivo para o Estado.
Nessa negociata está incluído o despedimento selvático de (pelo menos) 100 "colaboradores". Sendo essa decisão da exclusiva responsabilidade da nova administração privada, quem pagará essas rescisões? Quem será, quem será? 
















Tu, grande palerma... e eu também, grande idiota!

08 dezembro 2012

Pai Sofre XXX - Maldito plural

A ver televisão:
"Olha, aqueles "cãos" estão a brincar"
"Pois estão. Mas, olha, não são "cãos": são "cães""
"Ah, sim, os cães!"

Passado um bocado
"Os cãos gostam de brincar, pai"
"Não são os "cãos", linda. Quem são, lembras-te?"
"São os cã... os cã... são os cachorrinhos!"

04 dezembro 2012

Pai Sofre XXIX - Criança num palheiro

Hoje fui incumbido pela minha patroa de levantar a mais velha ao infantário, jardim de infância, escolinha ou lá que seja. Obviamente que disse que sim, primeiro porque é algo que me dá prazer em fazer, segundo porque poderia haver represálias caso me recusasse...

Gosto de ir buscar a moça à escola. Nem me importo com as filas de trânsito ou a falta de lugar para estacionar, coisinhas que, no meu dia-a-dia normal, tiram-me realmente do sério.
Gosto porque quero vê-la a inteirar-se do mundo, aquele longe de casa e do abrigo dos pais, o mundo de verdade, embora em miniatura e despreocupado... mas por vezes cruel.
"Cruel?", perguntarão vocês. Sim, cruel. As crianças são criaturas maquiavélicas. Não têm culpa mas está-lhe nos genes. É coisa primitiva e animalesca. Tudo normal, portanto.
Nesta altura da vida, esses projectos de gente começam a encontrar o seu papel na matilha e conhece-se quem, no futuro, terá mais propensão para ser "alfa".

Das vezes em que fui buscar a moçoila postei-me a observá-la ao longe, a "estudar" o seu comportamento. Tal como eu, parece-me que a rapariga não é muito de "meter conversa". Fica na sua a observar. Deu-me a impressão de, ela própria, estar a estudar o ambiente e ver, do seu jeito, quem poderá vir a interessar ter como amigo/companhia. Esperta a fulana, também ela a mostrar eu lado maquiavélico.
Nesses perídos de observação, já a vi ser ostracizada pelas mais velhas numa clara tentativa de intimidação. Ela não fez frente mas, pareceu-me, lançar um olhar tipo "ok, venceste esta batalha mas... prepara-te". Até a mim meteu medo.

No entanto, como dizia no princípio, hoje fui buscá-la mais uma vez. Como ía com alguma pressa, culpa de um dia cheio no trabalho, fui imediatamente à sua procura.
Chegando ao estabelecimento, deparei-me com um cenário caótico. Invadiu-me uma sensação tipo Gulliver, rodeado de dezenas de seres pequenos em algazarra total, que corriam em anarquia completa pelo pátio coberto do estabelecimento.
Eu disse "dezenas"? Bem, se calhar, pequei por defeito, deviam ser mais.

Pus-me à procura do meu exemplar no meio de tanta pimpolhagem. Só aí, depois de tantas vezes lá ter ido, é que percebi que não é fácil encontrar uma crinaça no meio de tantas outras semelhantes. É mais difícil que encontrar o tal do Wally! Não há pontos de referência: são (quase) todos do mesmo tamanho e configuração! Haja capacidade de observação!
Resolvi pedir ajuda a uma contínua:
"OLÁ, BOA TARDE!" - já num tom de voz considerável.
"BOA TARDE!" - respondeu-me a senhora enquanto se debatia para não ser arrastada por 3 ou 4 imitações de gnomos.
"POR ACASO VIU A MINHA MOÇA? JÁ ESTIVE AI A VER SE A ENCONTRAVA MAS NÃO TENHO OS OLHOS TREINADOS!"
"ESPERE LÁ UM BOCADINHO" - e deixou-se ir com a manada.

Passados alguns segundos, em meio à gritaria insana, ouço:
"PAAAAIIIIIII" - enquanto estala um beijo e espreme-me num gostoso abraço.
"Onde estavas?" - perguntei eu.
"Ali, naquele banco" - repondeu-me com uma expressão de "és mesmo totó e cegueta".

Ela não tem razão em achar-me cegueta... agora, "totó"... coisas de pai enamorado.

02 dezembro 2012

Já há algum tempo que "peço" a algum temerário português que pegue numa arma e dê o primeiro tiro, mas...



... confesso que não estava à espera desta.